
Não falo da recente decisão do STF de derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercício da profissão, mas em saber que a Faculdade de jornalismo da UFMT pouco contribui para a formação.
Quem frequenta a faculdade de Jornalismo dali logo acredita que estamos vivendo numa era de muito discurso e irracionalidade. Há professores que dedicam o tempo em sala de aula para criticar estudantes que trabalham na imprensa e disparam ataques aos conteúdos dos três jornais diários.
Quais sugestões são feitas dentro da realidade para melhorar o conteúdo e diminuir a dependência do poder público na mídia impressa que não sobrevive apenas com a venda de exemplares? Por incrível que pareça são assuntos deixados de lado.
Um claro exemplo da falta de pensamento racional na UFMT trata da recente decisão da reitoria em aderir ao vestibular unificado. Um dos professores da ala contrária chegou a dizer numa conversa de corredor que o novo modelo de vestibular “é um estímulo à prostituição”, porque o jovem carente ao se deslocar para outra cidade precisaria vender o corpo para se sustentar (quanto absurdo!).
Do outro lado, estudantes de diversos cursos impediam a entrada dos membros do Consepe e chegaram a quebrar vidros de carros em manifestações contrárias ao novo modelo de vestibular. Será mesmo que essas práticas vão contribuir para mudança? Ora, a universidade é formada por advogados, economistas, filósofos, sociólogos e outros em diferentes níveis (graduação, mestrado, doutorado) não dá para reunir essa turma e discutir outra proposta de vestibular que garanta o acesso da camada pobre com mais eficácia?
Esses mesmos estudantes não se preocupam em formular propostas e discussões, mas se auto-admirar porque pertencem aos quadros de uma instituição federal de ensino. O pseudo-intelectual se esquece que o mercado avalia competência profissional para gerar bons resultados e desconsidera de onde saiu o diploma.
Não me resta outra alternativa senão concordar com a tese do jornalista Reinaldo Azevedo: as Faculdades de Jornalismo se transformaram em depósito de profissionais frustrados que nunca passaram pelas grandes redações e mesmo assim pregam ódio à imprensa e querem unicamente conscientizar de que o jornalismo é um instrumento de luta, e se esquecem de sua função básica: ensinar.
Rafael Costa é estudante de jornalismo, repórter do Diário de Cuiabá e colaborador de APOLÍTICA
2 comentários:
Tente se explicar melhor no último parágrafo. Foi muito generalista. Você precisa participar em reuniões de sindicalistas e ouvir os depoimentos de pessoas para se expressar melhor no assunto que aborda. Por quê ainda trabalhar em um lugar que nem mesmo paga o salário ?
Jair Campos é acadêmico de jornalismo.
Me desculpe a franqueza, nobre colega, ainda mais agora com a não exigência do diploma. Talvez nossas faculdades precisam mesmo melhorar. Mas ter por mestres pessoas que atuam (ou já atuaram!) na área é mto melhor que um monte de pensadores que nunca viveram a neura de cumprir horário e colocar um jornal no ar... ou ainda a rusga de impor seu conteúdo a um editor almofadinha! Seria a mesma coisa que ter por mestre um cirurgião que nunca mais pegou num bisturi, o que fez "malemá" quando ainda era residente. VAlorize o que vc tem porque se não quem é que vai te dar crédito????
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