
PÁGINA DO E - Rafael, você, recentemente, trocou as paginas do Diario pela Folha do Estado e esta pontificando também no Midianews. Por que esta opção?
Rafael Costa – A experiência no Diário de Cuiabá foi muito bem sucedida, o ambiente de trabalho é muito agradável e tive o prazer de conviver com excelentes profissionais, mas houve uma proposta financeira melhor para mudar de jornal e por isso resolvi aceitá-la. Estou na reta final do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e preciso construir uma base financeira nos próximos, até porque a idade também está avançando. A princípio, tinha recebido apenas a proposta da Folha do Estado, mas, logo depois, o Midianews me ofereceu espaço para trabalhar pelas manhãs ,e, como estou com tempo livre, me dedicando apenas a elaboração da monografia, resolvi adquirir a experiência de trabalhar em um site de notícias, o que não tinha acontecido ainda em minha curta experiência no mercado da comunicação
PÁGINA DO E - Fazer reportagem política é uma opção preferencial ou apenas ocasional?
Rafael Costa – Sem dúvida preferencial! Comecei a ter interesse pelo jornalismo político ainda nos tempos do Ensino Médio, ficava encantado com o poder de transformação que exercia na sociedade. Quando não tinha aula, seguia para as bibliotecas e lia o conteúdo das revistas que ajudaram no impeachment do Fernando Collor de Mello e que desvendaram outros casos de corrupção.Sem oportunidade de fazer jornalismo político nas redações dos jornais, meus primeiros passos foram dados na Faculdade. No sexto semestre, iniciei uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Cuiabá para divulgá-las em um Jornal Laboratório Digital da UFMT. Foi uma iniciativa movida pela curiosidade porque não servia para avaliação. O único auxílio que recebi foi do meu grande amigo Bruno Pini, que voluntariamente tirava as fotografias com sua máquina semi-profissional. Mesmo com tantas dificuldades, a iniciativa deu certo, tanto é que fui contratado pelo Diário de Cuiabá graças as entrevistas feitas com os candidatos. O exercício do jornalismo político é uma forma que tenho de contribuir com a sociedade, ainda pretendo fazer mestrado em sociologia política para futuramente ser professor universitário e levar conhecimento desta área aos acadêmicos, mas, sem paixões ideológicas e radicalismo. Também penso em trabalhar na formulação de políticas públicas, auxiliando ONGs ou o próprio Estado.
PÁGINA DO E - Qual o espaço que lhe agrada mais, do jornal impresso ou da mídia eletrônica?
Rafael Costa – Quando ingressei na Faculdade de Jornalismo sempre tive a pretensão de trabalhar na mídia impressa, seja jornal ou revista. Minha preferência é o jornal impresso, mas, com o fortalecimento da mídia eletrônica é inevitável entendê-la porque permite uma liberdade de expressão incrível. Quero compreender mais profundamente este universo e escolhi para tema de monografia a cobertura política feita pelos blogs e, ao mesmo tempo, adentrar nas novas ferramentas de comunicação como Orkut, You Tube e Twitter.
PÁGINA DO E - O jornalismo político em MT tem um padrão que lhe agrada?
Rafael Costa – Em questão de pluralidade, para um Estado que está afastado dos grandes centros, estamos bem avançados. Além da presença dos três jornais diários e outros semanários, ainda temos a força dos blogs que tem bloqueado o conservadorismo da mídia tradicional e divulgado notícias relevantes referentes ao Judiciário e aos bastidores da política. Os exemplos mais claros disso são a própria Pagina do E, Prosa e Política da economista Adriana Vandoni e o RDNEWS do jornalista Romilson Dourado.Os jornais ainda pecam nos seus conteúdos. Muitas vezes valorizam um simples boato que surge no cenário político e deixam de se aprofundar em temas mais importantes. Em certos momentos se baseiam apenas em declarações de autoridades e valorizam apenas divergências internas. Já os sites de notícias priorizam tanto o conteúdo político que dá a impressão de que não ocorre mais nada no Estado. Dentre a série de mudanças para melhorar o conteúdo de jornais e sites estão uma melhor administração, planejamento de pautas eficazes e redução da dependência financeira do poder público, este mal que afeta as redações dos veículos.
PÁGINA DO E - Depois daquelas criticas suas ao curso de Jornalismo da UFMT, citando Reinaldo Azevedo, algumas pessoas passaram a caracterizá-lo como um jornalista com tendências direitistas. Como você reage a esta avaliação? Como se posiciona no espectro ideológico?
Rafael Costa – Confesso que fico surpreendido com a afirmação de que tenho tendências direitas. Diria que é apenas uma visão dos grupos radicais de esquerda que ainda estão inconformados com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Os mesmos que consideram qualquer crítica aos seus valores como ‘articulação da direita para desmantelá-los’. Critiquei em meu artigo o nível primário de discussão que se trava na Faculdade de Jornalismo e que não contribuía em nada para melhorar a prática jornalística. Questionei o discurso de desqualificação feita aos estudantes que atuam na imprensa e ao conteúdo dos três jornais diários em detrimento de assuntos mais relevantes ao nosso futuro profissional. Critiquei também a posição de grupos de estudantes que dizem clamar por mudanças, mas evitam qualquer debate de formulação de propostas. Sabem apenas gritar por revolução e restringir sua discussão a respeito da participação ou não da Polícia Militar no campus universitário.Logo depois, fiz um artigo reconsiderando apenas o fato de ter generalizado e transmitido a ideia de que todos são maus professores, mas mantive minhas críticas. Tenho admiração enorme por professores como Tinho Costa Marques e Janaína Capobianco. Fiz tudo isto porque sempre depositei na Faculdade a esperança de obter conhecimentos e construir um futuro melhor, mas naquele momento, logo na reta final do curso, o direito ao aprendizado estava sendo sonegado, foi uma espécie de reação.Se for direitista levar a público o que muitos estudantes compartilham e não tem coragem de divulgar, quero que continuem me enxergando assim. Não me considero direitista e tampouco esquerdista ou centro-esquerda, diria que não tenho definição política, simpatizo pelo grupo político que apresenta a melhor proposta diante da situação social. Aliás, o momento do Congresso Nacional deixa claro que estes valores (esquerda, direita, centro) estão totalmente deturpados.
PÁGINA DO E - Quando você vai à banca de jornal, se é que ainda vai, o que você lê?
Rafael Costa - Além das manchetes dos jornais, gosto de conferir as publicações de jornalismo científico. No momento, tenho lido muitos trabalhos acadêmicos que tratam de blogs e jornalismo na Internet. Gosto também de Literatura e livros de sociologia.
Uma pequena biografia: Rafael Costa Rocha, 24, natural de Diadema, filho de um casal de nordestinos, chegou a Cuiabá no ano de 1993 após sua família sair de São Paulo para ter oportunidades em Cuiabá. Estudante de Comunicação Social - Jornalismo do oitavo semestre de Comunicação Social Jornalismo da UFMT
Um comentário:
Muito boa esta entrevista do Rafael, embora descritiva. Talvez um questionário mais insigne revele o conteúdo alegado.
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