domingo, 30 de agosto de 2009

Filiação de Marina Silva no PV pode enfrequecer um dos principais redutos do PT: as comunidades eclesiais de base

(Roldão Arruda - Estadão) A possível candidatura de Marina Silva à Presidência, pelo PV, deve enfraquecer o PT em um dos seus redutos mais antigos e dedicados - o das comunidades eclesiais de base, as CEBs. Desde que a senadora se desfiliou do PT, a polêmica sobre apoiá-la ou continuar na banda orquestrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a favor da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se espalha no meio dessas comunidades

Mas não só aí. Há uma inquietude semelhante nos movimentos de sem-terra, indígenas e, sobretudo, entre organizações que atuam na área de defesa do meio ambiente.O caso das CEBs é dos mais significativos. Essas comunidades, organizadas em áreas pobres, com o apoio da chamada ala progressista da Igreja Católica, tiveram sua história misturada com a do PT desde que o partido se formou, há três décadas.

Em todas as campanhas eleitorais de Lula as CEBs o apoiaram. Na capital paulista, os mapas eleitorais das eleições presidenciais e para o governo do Estado mostram que o PT só consegue bater o PSDB em alguns poucos bairros da zona leste da cidade - não por coincidência, os mesmos onde as CEBs são mais estruturadas.No Belém, um desses bairros nos quais o PT ainda mostra força, Liz Mari Silva Marques, liderança das CEBs locais, disse ao Estado que o governo Lula produziu avanços significativos no terreno das causas populares, mas acabou estacionando.

"Não consegue avançar em questões como reforma agrária, demarcação das terras indígenas, apoio a pequenos agricultores e, principalmente, a preservação ambiental", disse ela. "A Marina, que tem uma vida inteira dedicada aos pobres, pode fazer uma grande diferença agora. Sempre votei no PT. Mas o meu voto na próxima eleição será para ela. "Liz Mari não fala em nome da comunidade. Mas seu depoimento é indicador da mudança. Assim como o do teólogo Leonardo Boff, um dos artífices brasileiros da Teologia da Libertação, inspiradora das CEBs: ele já declarou seu apoio à candidatura da senadora.

O nome de Marina, que hoje faz parte da denominação religiosa Assembleia de Deus, mas já foi católica e militou numa comunidade de base, é respeitadíssimo no meio do clero progressista. Ela é chamada para participar de encontros de teólogos. E foi ovacionada durante o 12º Intereclesial, o mais importante evento nacional das comunidades de base, realizado em julho, em Porto Velho.
O tema da reunião era justamente a questão amazônica.Ela ainda foi aclamada em recente encontro, em Brasília, do Movimento dos Sem-Terra (MST), organização que também tem suas raízes nas CEBs.

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