Ao lado do pai, coronel Edson Leite, e da advogada Débora Rocha, Ralf Leite vê exageros do MPE e da Polícia Civil; ex-vereador foi preso no Fórum de Cuiabá quando deixava audiência
(Lisânia Ghisi e Patrícia Sanches - RD News) O vereador cassado Ralf Leite (PRTB) se vê como espécie de bode expiatório, já que sua cassação teria sido uma maneira encontrada pelos vereadores cuiabanos para "aliviar" a barra do ex-presidente da Câmara, Lutero Ponce (PMDB), acusado de chefiar quadrilha que causou rombo de R$ 7,5 milhões no biênio 2007-2008. Inconformado, Ralf acusou os ex-colegas de parlamento de o usarem como rascunho para saciar a população que esperava sua saída e, assim, salvar o peemedebista. "Fizeram um rascunho comigo e estão passando a limpo com Lutero". Ele ainda se diz injustiçado, já que Ponce estaria tendo todas as regalias jurídicas possíveis para se defender, o que lhe foi negado.
O ex-parlamentar, que já teve vários recursos de impugnação à decisão que o cassou negados pela Justiça, ainda não perdeu as esperanças de retornar à Casa. "Quero honrar os 3.115 votos que obtive nas eleições do ano passado". Ele teve a perda de mandato decretado pela Câmara após cometer quebra de decoro parlamentar, após um escândalo envolvendo um travesti menor de idade. Para completar a afirmação do ex-vereador, sua advogada, Débora Simone Farias, reforçou que acredita "piamente" na Justiça e que Rafl voltará para a Câmara.
Em fevereiro, Ralf foi preso enquanto praticava ato libidinoso com um travesti menor de idade na região do Posto Zero, em Várzea Grande. Desde então, se envolveu em vários escândalos, sendo classificado como "garoto problema do Legislativo". A gota d´água para a cassação do ex-parlamentar ocorreu depois que ele espancou a ex-namorada, Cristina Biezus Gentil, em 5 de julho. "Fui condenado e julgado por um problema, mas minha cassação foi resultado de outro assunto", Para ele, o fato é um "golpe político". "Isso é perseguição política. Muitos me invejaram, pois em dois anos de vida pública consegui me eleger vereador por Cuiabá. Hoje esse cargo vale muito. Com certeza, tudo isso não passa de complô político".

Na semana passada Ralf voltou a ser manchete nos jornais após ser preso e enquadrado na Lei Maria da Penha, enquanto depunha no processo que está sendo investigado por compra de votos. O ex-parlamentar e sua advogada acreditam que a prisão foi erro do Ministério Público. "O Ministério foi ilegal em sua atitude, não havia necessidade disso. Prisão preventiva não se aplica no caso de Ralf", ressaltou Débora. Ela disse ainda que não entrará com recurso contra o MP e que se dedicará exclusivamente à defesa de Ralf. "Vamos tratar apenas da defesa dele (Ralf). E sobre o Ministério, o que nos resta é pedir a Deus para que da próxima vez a promotora tenha juízo", criticou.
Ralf ressaltou que o modo como foi abordado pelos policiais expôs sua imagem e que essa atitude não seria necessária caso houvessem avisado o ex-vereador sobre a prisão. "Não havia necessidade de expor minha imagem desse modo. Não sou nenhum marginal ou quadrilheiro. Se tivessem me avisado sobre o mandado de prisão, teria recebido os oficiais sem problema algum". Ralf acredita ainda que sua prisão não passou de armação. "Isso já estava tudo armado. Eu era o único que não estava sabendo de nada".
PRTB
Revoltados com o presidente regional do PRTB, Samuel Lemes, que defendeu a cassação do ex-parlamentar, Ralf e seu pai, ex-presidente municipal da sigla, coronel Edson Leite, resolveram ir para trincheira e acusar o representante do partido de não prestar contas ao diretório nacional, além de questioná-lo sobre onde o dinheiro arrecadado pela sigla estaria sendo investido. "Ele não presta conta aos diretores nacionais da sigla. Até hoje não temos sede, não temos nem contas de água e luz para pagar. A base quer saber onde o dinheiro está sendo investido, mas ele não sabe como justificar".
Ralf afirmou que Lemes só está empregado na Câmara de Cuiabá, como secretáro de Recursos Humanos, graças à sua influência. "Ele só está onde está, graças à minha indicação". O ex-vereador afirmou também que na próxima semana irá protocolar no Legislativo um documento dizendo que não vai se responsabilizar sobre atos irregulares de Samuel.

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