terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sindicato dos jornalistas reage e compara decisão judicial à ditadura

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) reagiu à decisão judicial, proferida pelo juiz Pedro Sakamoto, da 13ª Vara Cível de Cuiabá, que proibiu blogueiros de emitirem opiniões pessoais sobre processos que ainda não foram julgados em todas as instâncias envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual José Riva (PP).

Em nota assinada pela jornalista Keka Werneck (foto), presidente do Sindjor, a entidade compara a decisão à ditadura militar. "Na época da ditadura brasileira (1964-1985), era comum a publicação de receitas de bolo no lugar de matérias derrubadas pela polícia do regime militar. Quase 25 anos depois da abertura do País e da volta da democracia, ao menos como modelo oficial (embora ainda em construção), a censura permanece como uma prática comum, entretanto não podemos mais permitir, sob pena dela se sentir em casa e se fixar em nossas vidas, novamente", comenta a nota.

CONFIRA NA NOTA DO SINDJOR, NA ÍNTEGRA

NOTA PÚBLICA – SINDJOR-MT VEM A PÚBLICO RECHAÇAR CENSURA AOS BLOGS QUE ESTÃO ACOMPANHANDO PROCESSOS EM QUE APARECE COMO RÉU O DEPUTADO ESTADUAL JOSÉ RIVA (PP-MT), PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.

Duas xícaras de farinha, três ovos, manteiga, leite, chocolate. Na época da ditadura brasileira (1964-1985), era comum a publicação de receitas de bolo no lugar de matérias derrubadas pela polícia do regime militar. Quase 25 anos depois da abertura do País e da volta da democracia, ao menos como modelo oficial (embora ainda em construção), a censura permanece como uma prática comum, entretanto não podemos mais permitir, sob pena dela se sentir em casa e se fixar em nossas vidas, novamente.

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) vem a público, por meio desta nota, rechaçar a decisão judicial dada pelo juiz Pedro Sakamato que impede blogs de Cuiabá de opinarem sobre os processos aos quais responde o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual José Riva (PP-MT), o deputado mais processado do Estado.

Diz o juiz em seu despacho: “se abstenham [os réus] de emitir opiniões pessoais pelas quais atribuam àquele [José Riva] a prática de crime, sem que haja decisão judicial com trânsito em julgado que confirme a acusação, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por desrespeito a esta decisão e posterior ordem de exclusão da notícia ou opinião”.

Não bastasse o silêncio da mídia local, que tem sido omissa na cobertura do desenrolar dos processos nos quais José Riva aparece como réu, agora os únicos que estavam informando a população sobre o assunto se vêem impedidos de tratar dessa matéria, que interessa não só a quem votou no deputado em questão, mas à sociedade de modo geral.

O Sindjor-MT vai levar, formalmente, o caso à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), assim como ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a outras entidades que zelam pela democracia e pela Justiça. Também serão informadas sobre esse abuso todas as entidades representativas dos trabalhadores de Mato Grosso e movimentos sociais que têm na liberdade de expressão um dos pilares constantes de luta.

A DIREÇÃO

Keka Werneck
DRT-MT 610
(65) 9922-9445

"Conheça-ti a ti mesmo" (Sócrates)
"Ousar lutar, ousar vencer" (Carlos Lamarca)

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