(Rafael Costa - MidiaNews) A definição do futuro político do Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso começa neste domingo (18), com a escolha do candidato ao Senado, por meio de prévias. A disputa está polarizada e envolve o deputado federal e presidente do diretório estadual da legenda, Carlos Abicalil, e a senadora Serys Slhessarenko, que almeja a reeleição. As prévias serão realizadas durante todo este domingo. A expectativa é de que 23 mil filiados compareçam às urnas, em 131 municípios de Mato Grosso.Sem candidatura própria na disputa pelo Palácio Paiaguás, a única maneira de o PT manter-se consolidado em Mato Grosso é manter uma vaga ao Senado. Porém, a disputa interna motivou o acirramento das diferentes correntes do PT, prejudicando, assim, uma futura construção de unidade em torno do projeto político.
O tom do debate já provocou, até mesmo, atenção do diretório nacional, que teme esfacelamento partidário, caso venha a se confirmar a saída de Serys da vida pública, por conseqüência de uma eventual derrota nas prévias, como a própria tem alardeado publicamente. O abandono de uma das poucas lideranças da legenda em território mato-grossense pode fechar o ciclo de um partido que já experimentou derrotas eleitorais em outros Estados, por conta de suas divisões internas.
Semelhança
Há uma expectativa com relação à definição ao Senado pelo PT de Mato Grosso, uma vez que o partido já comprovou, em seu histórico, que a consequência da escolha de candidato, por meio de prévias, tem gerado prejuízos políticos e eleitorais.
Em 2002, uma das derrotas mais simbólicas aconteceu no Rio Grande do Sul. Líder nas pesquisas de intenção de voto, o então governador Olívio Dutra, que seria candidato natural à reeleição, foi obrigado a disputar uma prévia com o ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, que, recentemente, deixou o Ministério da Justiça do Governo Lula.
A disputa interna acirrou ânimos de militantes e transformou-se numa das mais tensas da trajetória do PT. No resultado das prévias, Genro foi vitorioso, o que impediu Dutra de concorrer à reeleição. Porém, o candidato do PT perdeu a eleição para o peemedebista Germano Rigotto e iniciava ali o esfacelamento do PT gaúcho.
Antes considerado uma referência pelo PT nacional, uma vez que a legenda administrou municípios pólos como Porto Alegre, Caxias, Pelotas e o próprio Governo por 12 anos, começava ali a decadência da legenda em território gaúcho, efeito que nem mesmo a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu corrigir.
Análise do petismo
O jornal Diário de Pernambuco divulgou, recentemente, uma análise de um dos mais estudiosos pesquisadores do campo social brasileiro, o cientista político Túlio Velho Barreto.
Confira:O cientista político Túlio Velho Barreto acredita que muito da disputa que ocorre no Partido dos Trabalhadores resulta da forma como a legenda foi criada. Oriundo dos movimentos sociais, nos anos 70, o PT foi a expressão que esses movimentos encontraram para se expressar de forma organizada e influenciar na política do país. "É uma característica dos movimentos a realização de muitos debates, organização em grupo políticos que disputam a hegemonia do partido", comentou Velho Barreto.
O cientista lembrou que o PT surgiu como partido de base de trabalhadores e segmentos populares que buscavam se diferenciar dos partidos comunistas. "O Comitê Central dos partidos comunistas tinham como lema as determinações de cima para baixo e o PT combatia essa posição. O PT foi adversário do campo das esquerdas dos partidos comunistas (PCB e PCdoB)", comentou Túlio.
Desde a sua formação, o PT foi organizado por tendências que disputavam internamente a hegemonia do partido. Na avaliação de Túlio Barreto, o grande problema é que a legenda foi se tornando muito parecida com os partidos tradicionais. "Eles têm caciques e disputam projetos políticos pessoais entre eles. O que está em jogo é a disputa pelo poder. A discussão é em torno de que grupo político será o vencedor", explicou.
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