quinta-feira, 22 de abril de 2010

"A ARMAÇÃO MAÇÔNICA": Juiz punido pelo CNJ promete lançar livro sobre bastidores do Judiciário de MT

(Ramon Monteagudo - MidiaNews) O ex-juiz Antônio Horácio da Silva Neto, um dos dez magistrados aposentados compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 23 de fevereiro passado, está escrevendo um livro onde contará, em detalhes, os bastidores de todo o processo que culminou na decisão histórica para a Justiça de Mato Grosso e do país. Eles foram punidos por terem desviado, segundo o CNJ, dinheiro para socorrer uma loja maçônica.

O título provisório do livro é "Armação Maçônica". Segundo o juiz aposentado, ele será editado por uma editora local, terá data de lançamento, com direito a coquetel, e será distribuído a livrarias de vários Estados. Antônio Horácio pretende fazer com que sua versão para o episódio convença a opinião pública de que a decisão do CNJ foi injusta. "Quero resgatar a verdade dos fatos. Fomos perseguidos e afastados em função de um contexto artificial, criado a partir de uma acusação sem lastro e com forte motivação pessoal. E o pior é que o CNJ se deixou contaminar pela pressão da imprensa e da opinião pública", afirmou.

O ex-magistrado afirmou que começou a escrever o livro desde janeiro. "Já escrevi 192 páginas. Estou armazenando e compilando todos os dados oficiais, além dos bastidores e das manobras realizadas para nos condenar. Mas não vou escrever pelos demais magistrados afastados. Será apenas a minha versão, sob o meu olhar", afirmou.

Devassa e recurso

Antônio Horácio irá citar no livro, por exemplo, a relação de todos os magistrados que receberam recursos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. "Vou relacionar os valores, as datas e a discriminação dos pagamentos. Isso para deixar evidente que fomos pegos como bodes expiatórios, pois se fomos punidos, porque o mesmo não aconteceu com outras dezenas de magistrados?", questionou.

O juiz aposentado afirmou que fizeram uma "devassa" em sua vida, com quebra de sigilos fiscal, telefônico e patrimonial. "Não encontraram nada. O CNJ nos afastou de maneira irresponsável. Durante o julgamento, pude perceber que os conselheiros sequer leram a minha defesa. Faltou responsabilidade e ética. Minha vida virou de cabeça para baixo e não vou admitir que a minha versão não seja dada. A Justiça precisa ser resgatada", afirmou.

A exemplo de outros magistrados afastados, Antônio Horácio deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do CNJ.

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